João Carlos Lyra chegou a ser preso
na Operação Turbulência e assinou acordo de delação premiada, que originou
operação desta quinta (19). Esquema de empresário teria movimentado mais de R$
600 milhões.
Por G1
PE e TV Globo

Delator de operação contra FBC é apontado como operador de esquema
propina. Foto: Reprodução
A Operação Desintegração,
que cumpriu mandados de busca no gabinete do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), nesta quinta-feira (19), é fruto da
delação do empresário pernambucano João Carlos Lyra para a Operação
Turbulência, deflagrada em 2016. O empresário era apontado pela PF como o dono do avião em
que o ex-governador Eduardo Campos
viajava quando morreu e suspeito de envolvimento em um
esquema de pagamento de propina.

Foto: Reprodução
A Operação
Turbulência foi deflagrada pela Polícia Federal
em junho de 2016. A PF disse, no inquérito, que João Carlos Lyra
seria o responsável por um esquema que teria abastecido a campanha de reeleição
de Eduardo Campos em 2010 e que pode ter se estendido à campanha presidencial,
em 2014. Lyra e outros três empresários chegaram a ser presos na época.
O inquérito do
Supremo Tribunal Federal citava ainda o envolvimento de João Carlos
Lyra com o senador Fernando Bezerra Coelho, que em 2010, era do
PSB e secretário de Desenvolvimento Econômico no governo de Campos.
A Polícia Federal
diz que João Carlos Lyra e empresários ligados a ele montaram uma rede de
empresas de fachada que movimentou mais de R$ 600 milhões. Dois delatores da
Lava Jato disseram que João Carlos Lyra cobrava comissão de 2% para repassar
recursos de empresas.

Empresários presos na Operação Turbulência saem do Centro de Triagem
(Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife — Foto: Reprodução/TV Globo
As investigações
comprovaram, segundo a PF na época, a relação entre empresas de fachada e a
aquisição do avião de Eduardo Campos. João Carlos Lyra teria recebido R$ 3,6
milhões pela atuação na suposta lavagem de dinheiro na compra da aeronave.
Lyra foi denunciado pelo
Ministério Público Federal em 2016 como um dos líderes do
esquema criminoso, que começou a ser investigado a partir das apurações sobre a
propriedade da aeronave Cessna Citation PR-AFA, cuja queda provocou a morte do
ex-governador Eduardo Campos, em 2014.
O G1 entrou em contato
com a defesa de Lyra, mas não obteve resposta até a última atualização desta
matéria. A reportagem também entrou em contato com o PSB, partido em que
estavam os alvos da operação durante a investigação, mas o partido disse que
não irá se manifestar sobre o caso.
Operação Desintegração
Em Pernambuco, a
Polícia Federal fez buscas no Recife, em Salgueiro e em Petrolina, no Sertão do
estado, dentro da operação que investiga o senador Fernando Bezerra Coelho
(MDB-PE), líder do governo do presidente Jair Bolsonaro no Senado. A operação também cumpriu
mandados no Congresso Nacional
Ao todo, foram nove
mandados de busca emitidos para o Recife, incluindo os apartamentos do senador
e do filho dele, o deputado Fernando Bezerra Filho (DEM-PE), em Boa Viagem,
área nobre da capital. Segundo a PF, em Pernambuco, há mandados de busca para
imóveis no Recife e em Petrolina, no Sertão.
Ao todo, a ação
desta quinta tem 52 mandados de busca e apreensão, todos autorizados pelo
ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os agentes da PF
buscaram documentos e arquivos digitais no gabinete do senador, na Câmara dos
Deputados, e também em João Pessoa, na Paraíba. Houve buscas nas casas do
senador e do deputado em Brasília.

Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) tem imóvel na Avenida Boa
Viagem, na orla do Recife; funcionários relatam que PF esteve no local pela
manhã — Foto: Elvys Lopes/TV Globo
Por meio de nota, o
advogado de Bezerra Coelho, André Callegari, afirmou que as medidas se referem
a "fatos pretéritos" e que a justificativa seria a "a atuação
política e combativa do senador".
"Causa
estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares
sejam decretadas em razão de fatos pretéritos que não guardam qualquer razão de
contemporaneidade com o objeto da investigação. A única justificativa do pedido
seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados
interesses dos órgãos de persecução penal", diz a defesa.
Na nota referente a
Bezerra Filho, o advogado André Callegari afirmou que "causa
estranheza" a decretação de medidas cautelares de "fatos pretéritos
sem contemporaneidade". Para ele, as medidas são
"desnecessárias".
"A defesa
ainda não teve acesso ao pedido e à decisão do ministro que autorizou as
medidas, mas pode afirmar que as medidas são desnecessárias e
extemporâneas", diz a nota.
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